quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Uma breve história da Lectio Divina

Igreja primitiva e Padres do Deserto

A leitura orante da Bíblia, ou LECTIO DIVINA, é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir desta forma de oração, conscientes do plano de Deus e da sua vontade, podemos produzir frutos espirituais em nossa vida.
Pois bem, a Palavra de Deus, desde o começo do cristianismo, cumpre uma função importante. Ela nutre a fé e orienta a vida dos fiéis.
Igreja Primitiva. Vejamos algumas componentes da vida na comunidade primitiva, reunida para o culto: “Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações” (At  2,42).
Posteriormente, São Paulo dirá a Timóteo o seguinte “Ensinando isto aos irmãos, serás um bom ministro de Jesus Cristo, nutrido com as palavras da fé e da boa doutrina, que tens seguido fielmente” (Tm 4,6). “Até que eu chegue aí, dedica-te à leitura, à exortação, ao ensino” (v.13). Quando fala da leitura: “Trata-se da leitura pública da Escritura, tal como se praticava nas reuniões de oração na sinagoga (cf. Lc 4,16-21; At 13,14-16). Alguns pensam que se alude aqui não só à leitura de textos do AT, mas também de epistolas paulinas ou de outros escritos cristãos” (TEB, 1994).
Padres do Deserto. No séc. III, muitos homens (hoje conhecidos como Padres do deserto) se afastaram do mundo e foram viver no deserto para se dedicarem melhor e exclusivamente a Deus, na solidão, austeridade, renúncia dos bens,  silêncio e oração, etc. Tais pessoas são: Anton, Arsénio, Zacarias e muitos outros que sempre se sentiram movidas pela Palavra de Deus.
Por outro lado, mesmo existindo, naquela época, um alto grado de precariedade na cultura e analfabetismo, os monges (anacoretas e cenobitas) do deserto colocam a Escritura no centro da sua espiritualidade. O uso das Sagradas Escrituras era algo comum nos mosteiros do baixo Egito. Os monges aprendiam de cor alguns versos dos salmos, frases do Evangelho e relatos do AT. Simplesmente, a Palavra ocupava grande parte do dia. Era cantada, repetida, rezada, aprendida, deixando-se por ela transformar.
Foto: De reprodução.
Os eremitas dispunham muito tempo para lembrar e meditar. Durante o trabalho eles recordavam alguma Palavra ou frase da Escritura, que tinham aprendido de cor. Repetiam e tratavam pôr em prática a Palavra meditada.
Eles faziam uma hermenêutica (alegórico-espiritual) da letra do texto, caracterizada pela liberdade do Espírito. Faziam, também, exegeses cristológicas do Antigo Testamento. De fato, Cristo ocupa o centro de toda a Revelação. O AT, portanto, deve ser lido à luz do NT. Jesus é o vencedor do Maligno antigo.

Resultados da Lectio Divina. A Escritura protegia os monges no combate espiritual. A Lectio Divina era um conforto espiritual e psicológico na vida de solidão. De fato, a meditação da Palavra ajuda de modo eficaz a viver com equilíbrio em todas as dimensões da pessoa. Em resumo, a Palavra de Deus transmitida tanto de maneira oral como escrita era extremamente importante na vida cotidiana da Primitiva Comunidade cristã e dos Padres do Deserto. Eles se sentiam sempre na presença de Deus antes, durante e depois da Lectio Divina.
Autor do Texto: Cristóbal Ávalos

Bibliografia:
Bíblia Tradução Ecuménica. TEB. - São Paulo : Loyola, 1994.
Bíblia de Jerusalém. - São Paulo : Paulinas, 2002.
Bíblia Sagrada. CNBB. - São Paulo : Canção Nova, 2012.

Diccionario Biblico. AUTORES VARIOS. Mundo Hispánico.
Historia de la Lectio Divina. Izquierdo Antonio. - Roma : Ecclesia, 2010. - Vol. 4.
Vocabulario Griego del Nuevo Testamento. Sígueme Editorial. - Salamanca  : Sígueme, 2001.

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